quarta-feira, 30 de dezembro de 2009



É como se eu tivesse você ao meu lado agora.
É como se eu te visse juntinho a mim, segurando a minha mão.
É como se eu não pudesse deixar de pensar em você e tivesse que te dizer, mais uma vez, que eu te amo.
Texto: André Medeiros

Acho que, no fundo, eu me jogo de um trampolim cuja altura eu não enxergo…

Meus olhos estão fechados.
Texto: André Medeiros

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Faz


Faz a mim um acolhimento quando em terras novas cheguei
Dialoga comigo, como se me conhecesse de longa data
Demonstra a confiança de quem sente que nascerá amizade naquele terreno
E me acolhe de novo

Faz-me pensar como pude passar tanto tempo sem te conhecer
E me faz querer te conhecer mais e melhor
Constrói para mim um espaço belo
Tão belo e doce quanto o seu olhar
E me leva a pensar de novo

Faz notar que a nota da música é mais aconchegante na sensibilidade dos ouvidos que sabe ouvi-la
Faz entender que música nos toca em conjunto e fala a nós
Faz cantar o que sozinho não cantaria
...Não notaria
Faz notar de novo

Permite que eu veja que o amor independe de sexo e de orientações
Ver também que isso não importa muito; importa o amor
Faz crer na idéia mais doce que surge em nossas mentes
Faz ver de novo

Faz-me sentir a presença quando só me resta a solidão
Faz ter ouvidos fora de mim e mente pensando em conjunto os estímulos de pensamentos enviados
Faz-me saber que ouves o som de minhas falas ou os sinais de meus gestos
Faz-me sentir de novo

Faz-me acompanhado em excursões de alegria nos corredores dos leitos de dor
Faz eu planejar contigo estratégias de mágica ação
Faz dividir com outros a alegria que por horas me falta
Faz-me acompanhado de novo

Faz entender que é natural a contradição de escolhas e pensamentos
Possibilita ver as escolhas como modos de aventurar-se na vida
E perceber que a vida é um jogo de aventuras
E faz entender de novo

Faz-me o incentivo que falta aos planos de atitudes que vêm
Faz ter o desejo de repartir histórias mirabolantes
Faz ter o desejo de repartir com você
Incentiva-me de novo

Faz-me querer correr por entre árvores em noite de chuva
Leva-me a correr ao teu encontro somente para te ver entre sorrisos
Faz-me sorrir com o teu encontro e faz eu querer te encontrar
Faz-me querer de novo

E sentir-me compreendido na linguagem do olhar
E sentir que compreendo a mensagem que teus olhos transmitem
Na mansidão de uma pessoa de vida tão complicada quanto a de quem vos fala
E fala, te escuto
E sente de novo

Faz-me te ouvir mais vezes
Faz-me um amigo que pode estar contigo nas mais diferentes horas
Faz-se minha confidente e me torna um confidente teu
Faz por mim tudo isso de novo

Faz-me amar as situações que boas são e podem ser melhores
Faz-me escolher um incenso de aroma suave em dia de festa
Faz apreciar isso tudo e a gostar mais da vida
Faz-me dizer que amo: Te amo!
Faz-me amar de novo

Faz me imaginar perto de ti e sentir que tu estás perto
Faz me transformar com o decorrer dos dias
Faz-me sentir que somos importantes um ao outro
Faz me sentir mais perto ainda

E caminhar pelas ruas como “duas bactérias dando risada”
E mudar e ser outro melhor
E te conhecer e me conhecer um pouco mais
E caminhar de novo
E caminhar de novo...

Faz-me um bem danado!
Faz-se o meu bem em estações diversas
Faz-nos unidos em um início de telepatia democrática
Faz-me tão bem em uma nova vez...

Faz-me menino novo
Afago contagioso
Agraciado pelo prazer de ser amigo teu

Faz-me uma inspiração de tomar nota daquilo que é impossível escrever
E faz-me escrever a ti um singelo poema
Simplesmente faz, de modo suave
E me faz inspirar de novo
E me deixa sem vontade de terminar o que se acaba...

...Ou não se acaba!
Ou apenas muda e se transforma em novos rumos
Novos caminhos a percorrer
Horizontes diferentes, mas partes de um mesmo todo
Novos modos de fazer-nos presentes no outro, mas ao fim presentes igual
Companheiros, nem que seja nas lembranças e nas linhas de textos trocados
E na graça de ter teu espaço guardado em meu coração
E de ter teu nome grafado em letras douradas no meu livro da vida

Faz-me
Refaz-me
Cons tan te men te...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ciana Luz




Ahh! Menina querida que nos permite livremente pensar o sonho
Incentivo para o sonho viver
Menina de pluma que divide com todos sua leveza de alma e sua simplicidade de olhar
Que por trás de livros da estante velha da biblioteca mostrou seu sorriso de flor e suas palavras de ouro
Gentil pessoa que ensina o significado do que chamamos partilha
Material, ideológica...
Lógica e natural sublimação

Amor pela vida e pelo seu conteúdo
Quem ainda admira o nascer e o pôr do sol?
E sabe apreciar com tanto sentimento o toque de uma flauta...
As batidas na corda de um violão?

Menina de cores vivas, como sua própria existência
Mistura das luzes azul e verde
Acrescida de um toque de vida de mulher
E de tantas qualidades e belezas
Mulher-menina de pensamento próprio
De coração especial

.

Pessoa-luz de plenitude ao falar
Luz de cor, veio ao mundo iluminar
Luz ciana, podemos a ti cantar
Ciana luz, quisera eu multiplicar
Luciana, cantiga sob o luar
Lulu querida que apareceu pra ficar

Imaginar leitores... Imaginar, leitores!


Leitores imaginários
Esses que me fazem sentir que sou lido
Sem me deixar em estado de timidez
Leitores que também lêem
Que ajudam a escrever o que é ou poderia ter sido
Que também escrevem, talvez

A verdade é que imaginam
E eu vos imagino imaginando o pensar
Uma contradição de idéias se forma
É paradoxal escrever ao que se pode criar?

Podemos criar?
Quanto egoísmo crer que a mim vocês pertencem
Que a vocês eu domino

Justo vocês, borboletas que ninguém pode prender
Nem saber como sentem o que perdem, o que vencem
Que voam o mundo e o além do que posso prever

Tal leitor, antigo e recém
Discreto explorador de mundos por um mundo de gente sonhados
Sedentos pelo voo do espaço das palavras

Há deles em todo canto
Há um inclusive em mim, doido para bater asas

Há um em mim, mas há outros onde sequer ouvi falar

O mundo e o seu além são feitos de leitores imaginários
Suaves e eufóricos
Cheios de universos a desvendar
E de arte para ver

Repletos de vida, só isso

Sim, leitores e até escritores imaginários existem
E isso é simples saber
Basta imaginar
IMAGINEMOS!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sobre palavras de Karla Christine

Um idiota morto??
Este texto foi criado a partir de um e-mail recebido, cuja suposta autora seria uma mãe, e também profissional em psicologia clínica, chamada Karla Christine. Seu foco de acusação...
O conteúdo desse e-mail se encontra disponível aqui: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20091103074907AAzBPIH
Caso se sinta impulsionado a isso, mande seu ponto de vista.
Sempre útil conhecer opiniões diversas, sejam elas parecidas ou contrárias à nossa.

.




Falarei a respeito do e-mail "Cazuza, um idiota morto", como um complemento à já exposta opinião de meu colega Davi.
Creio que a autora do texto pode até ter alguma mensagem positiva para transmitir, entretanto, na minha convicção, foi muito infeliz em suas colocações.
Estou escrevendo isso, por ter achado grave a opinião dela, em diversos aspectos. Algumas coisas poderiam ser ignoradas, mas outras são bem sérias pelo conteúdo depreciativo, com potencial ofensivo não apenas ao Cazuza, que sequer pode se defender, mas a diversas outras pessoas, incluindo muitos pais. Isso atinge direta ou indiretamente a cada um de nós.
Não venho aqui defender as atitudes do Cazuza (também não venho condená-las, nem procurar motivos que as justifiquem), mas é inegável que a senhora Karla Christine apelou, sendo insensível e, até mesmo injusta, pois a vida particular daquela família não diz respeito a ela! Tampouco podemos nos achar capazes de julgar pais cujos filhos não se encaixaram nos padrões estabelecidos pela sociedade. Como, por exemplo, poderíamos condenar tantas mães e pais desesperados, que, portadores de semelhante ponto de vista, 
ou se deixando influenciar por tais opiniões, martirizam-se perguntando a si mesmos onde erraram na educação de seus filhos? Pior ainda: como podemos criticá-los tão friamente, com uma visão tão superficial e fragmentada de suas vidas. Algumas vezes os pais poderiam ter agido de forma melhor, em outras não, mas isso não vem ao caso.
A profissional mostrou sua opinião, também podemos mostrar a nossa.
Sei que não carrego diploma de um curso superior que pudesse trazer maior relevância a este conteúdo, mas isso não me impedirá.
Quero dizer que, cada vez mais, esperamos das pessoas menos moralismo e mais tolerância.
A censura do filme é 16 anos. Não sei se a filha adolescente da tal psicóloga tem essa idade ou não. Entretanto, o fato de haver censura, não é condição essencial para que todos aqueles com a idade mínima recomendada gostem; tampouco indica que todas essas pessoas deverão, obrigatoriamente, assistir ao filme, ou terminar uma sessão iniciada. Quem considera o enredo impróprio/ofensivo, ou se sente pouco à vontade diante do desenrolar das cenas, não é obrigado a vê-las. Se, não consideramos o protagonista da história como um modelo para nossos filhos e, mesmo assim, tenhamos optado por conferir a produção, conversemos com eles antes ou depois, com o cuidado de não torná-los preconceituosos ou de transmitir tal preconceito.
Outra questão abordada no texto da psicóloga foi o seu desejo de que só existam filmes referentes às pessoas que ela consideraria merecedora de admiração/idolatria, sendo as outras obras uma espécie de atentado ao pudor, pelo que podemos perceber. Considero sua opinião infundada, pois, com a atual política existente no Brasil, os cineastas (assim como diretores de teatro, produtores, escritores, poetas, pintores etc), normalmente, podem abordar o tema que queiram, não sendo culpa deles se consideramos o conteúdo impróprio. Ou deixaremos de produzir filmes que retratem a guerra, pois isso pode ser uma influência negativa para as crianças??
Cazuza pode não ser merecedor de um filme, de acordo com o pensamento de Karla Christine, que não compreende ou não aceita que ele o foi para tantas pessoas envolvidas no processo de criação, inclusive sua mãe.
Além disso, báh!, as pessoas possuem características diferentes, temperamentos diferentes, gostos diferentes. Por isso, os filmes também possuem conteúdos diferentes. Não é lógico?? O que seria, por exemplo, dos fãs de filmes de terror se só existisse os westerns nas locadoras?
A vida de Cazuza é, no mínimo, interessante para muita gente; caso contrário não teria sido inspiração para um longa-metragem.
O mesmo exemplo do que podemos chamar tolerância cultural, se estende para o nosso dia-a-dia, na tolerância/compreensão/respeito para com o outro.
Seria justo/bonito/aceitável/ético fecharmos um círculo de pessoas que consideramos “ideais” e imaginar que só elas nos interessam e que as atitudes do restante do mundo não nos dizem respeito?? Evoluiremos tapando nossa visão para o que ocorre ao nosso redor e tentando enxergar somente o que nos agrada?? E a tão falada diversidade mundial como fica?
O que é mais produtivo: buscar/exigir meios de evitar/diminuir o tráfico de drogas ou, simplesmente, falar mal de um cidadão X que teria praticado tráfico??? Creio que a segunda opção gere muito mais desgaste, tristeza e pessimismo na população nacional do que mobilização e resultados que, por si só, gerem progresso.
As pessoas representadas pelos atores, o Cazuza em específico, e as pessoas de um modo geral, possuem sua unicidade.
Se uma pessoa fosse como gostaríamos que ela fosse, ela não seria um ser humano, mas uma representação injusta de nossa vaidade.
Acredito que todos mereçamos um mínimo de respeito.
Também seria interessante que descêssemos um pouco do pedestal. Todos, temos alguma coisa a aprender com a história do outro, ora bolas!
Portadores do HIV, de “vida promíscua” ou não; LGBTs, de “vida promíscua” ou não; heterossexuais, de “vida promíscua” ou não; drogaditos, que queiram deixar o vício ou não; alcoolistas, que queiram se recuperar dessa doença ou não; ricos (“filhinhos de papai") ou não; filho de dono de gravadora ou não; artista exemplo de conduta, ou não; "santos e pecadores", de acordo com a percepção de cada um, assim rotulados ou não: TODOS nós somos parte de uma mesma espécie, possuidora de integrantes que são, ao mesmo tempo, iguais e diferentes entre si.
O próprio artista em questão, juntamente com Frejat, deixou seu recado também em seu conhecido "Blues da Piedade"...
Acreditem: o respeito é mais importante que a discriminação; as atitudes são mais importantes que as palavras.
Subestimar não é o melhor caminho.
Se eu quero ser um homem ou mulher exemplo e quero que meus filhos também o sejam, talvez esteja na hora de começar a avaliar o conteúdo de minhas palavras e ações, pois somos influências para eles. Não a única referência, mas uma referência especial.
Não chegaremos muito longe enquanto não deixarmos de procurar em terceiros, ou em nós mesmos, motivos para sermos melhores ou piores e passarmos a nos enxergar como realmente somos: habitantes da Terra, em igual condição de significância perante a natureza.
Não achei que isso fosse ficar tão grande, mas acho difícil reduzir agora.
Pensem como quiser, mas, por favor, não julguem pessoas.
Cada um possui sua própria "missão", seus interesses pessoais, seus objetivos.
Cada um possui suas próprias dificuldades, sua história de vida, sua percepção de vida, seus desejos de recomeçar, para ter um comportamento diferente, ou igual.
À família do Cazuza basta as dificuldades que encontraram e encontram. Para quê cutucar o que já é uma ferida se não temos certeza de muita coisa e não podemos mudar o que já ocorreu??
Como bem disse Caetano, "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
Se almejamos uma mudança positiva para o presente e para o futuro, não é na degradação de nossos semelhantes que ela será alcançada.
Sei que ela não é a única a fazer crítica desse gênero, mas ela fez, e ela (crítica) chegou até mim.
Cara Karla, não gostamos do artista e de sua arte pelo que podemos encontrar de negativo neles, mas sim por algo muito maior. Se sua filha gostar da arte do Cazuza, isso não será determinante para que ela seja uma réplica do mesmo.
Muitas vezes, acostumados com nossas próprias características, não conseguindo aceitar pessoas diferentes. Com isso, criamos um padrão de conduta, para nós mesmos, para o próximo e, principalmente, para as pessoas de vida pública, que muitos querem que sejam exemplos para os demais, se esquecendo que, assim como as demais, elas estão sujeitas a não agradarem a todos.
Exercitemos nossa reflexão, respeito, gentileza, tolerância.
É só uma opinião.
André, estudante.
Texto: André Medeiros

Resposta


O livro? Ah, o livro...
De qualquer forma, ele não me mostrou que pode ser tão gostoso
...voar

P
A
R
A


B
A
I
X
O


Cair? Hmmm... Cair
Tal qual água da cascata que desce corajosa
Sem hora pra chegar,
Sem porto de chegada...
Tal qual paraquedista saindo do avião:
Salto de sublime aventura
Prazer de cair,

sem pressa de chegar...
Cair juntinhos. Por que não?
Por ti, cortaria minhas asas agora
Ponho-me pronto para a queda
Caiamos pela vida!
Caiamos, assim... imperativo
Podemos já?!!
O precipício infinito de nós dois espera...

Texto: André Medeiros

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A terra que não me pediu




Sim, se tu falaste do céu que pedi
Falar-te-ei da terra que não me pediste




DA TERRA ONDE ESTOU
Vejo gente, vejo plantas e animais
Vejo o perto, sinto o longe, sonho o céu
E do horizonte distante
Vejo novas direções
Outras regiões
E lembro, desta terra, que na Terra estou
Que ela se faz país
Que se corta em fronteiras
Que me aprisionam
Me deixando em terra, sem ver meu você

.



DA TERRA ONDE ESTÁ
Ouve a cantiga das aves que o silêncio desperta
Vê praia, vê gente, vê mar
Vê-se pensando
E desperta em silêncio
E ouve o marulho nos convidando
Para a felicidade nova
Que de novo silencia
Que de novo faz cantar

.

DA TERRA, QUE É UNA
Vê-se janelas para o universo
Onde se vê o céu que eu pedi e que é muito seu
Com astros em luz de um passado parecido e desigual
Para eles, para nós
E no espaço em vastidão nos mostram
Que mundos são muitos, mas Terra é uma só
E que toda distancia é pequena
E na escuridão, no mistério e vastidão
(Do tempo, no qual cabe anos e décadas
Da distância, na qual há gigametros e terametros
Da nave, na qual vão elefantes e pássaros)
Muita coisa pode ser vista

.



E SE A TERRA PRECISA DE ALGO
Que seja a libertação dos limites
Que seja a criação de uma terra toda nossa
Onde distâncias inexistem
E quilômetros não separem sorrisos
E regiões não impossibilitem abraços

.

DA TERRA ONDE ESTAMOS
Que ainda mal foi feita
Mas já nos permite estar...
Tem areia clarinha e luz da lua
Refletindo em teus olhos de calma

Tem oceano e canções que a gente gosta
Com letras moduladas na profundidade dos escritos seus
Tem nosso vazio a se preencher
Tem um eu e um você
Ensinando-me a ser mais
Ajudando-me a ser melhor
Sendo...

Tem companhia andando ao meu lado
Mostrando-me as belezas do mundo
Mostrando-me às belezas
E à vastidão

.

DESTA TERRA QUE DESCOBRI
Vi com os olhos da alma
Sensação irracional e difícil de descrever
Que trás um sentir e impulsiona a ação
Ela espera, compartilha, sonha, deseja, conhece, desconhece, luta
Nos modula, nos alegra, nos respeita, nos refaz
E me faz descobrir alguém que quero muito bem
Bem demais
Que sempre quero, bem junto a mim
Compartilhando um trajeto que foi, que é, que será
O trajeto de histórias que se encontram
Formando história nova
Que tal como nosso globo
Se encontra em contínuo movimento
E também, tal esse globo, que de Terra é chamado
Da terra que descobri, descubro que o bonito sentimento
Nome belo também tem

Vendo os astros percebo
Que assim como a deles, a história desse sentimento no tempo e no espaço também se passa
E passa pra ficar
Em passos pelos trajetos que segue
Sentindo o mundo que vê

Sentimento, sorrateiro, contempla conosco a terra, o céu e o mar
Caminha conosco descobrindo poesias



Pois seu nome é Amizade
E limites não possui...

domingo, 15 de novembro de 2009

De quem tem asas



Ele era doce e gentil. E por sua gentileza e doçura, fez da minha vida amarga, uma bebida com melhor sabor. E, saborosamente, soube exercer o fascínio das melhores qualidades que um amigo pode ter. E de modo natural, se fez gente.


Ele abriu suas asas de anjo que ainda era, que nunca deixaria de ser, e pousou suave em um terreno diferente, e com sotaque envolvente, em sua língua, que eu não sabia como era, se colocou a falar. E utilizando das palavras, ele descobriu o som, e dele a música e por meio dela chegou a mim. Com palavras ele voltou a lidar.

Ele me achou perdido em um lugar qualquer e sequer sabia que eu ali estava. Já o esperava, mas não sabia. Nem ele. Ele se mantinha reservado, mas acabou por falar. Sua voz percorreu os limites da distância e, mergulhando nos corredores da memória, se aprofundou no tempo. Fez-se atemporal em temporal de emoção. Em pouco tempo na terra, o anjo já mudava vidas.
Anjo notou que já não era só uma vida que mudava. Ele me disse que mudava sua própria vida. Ele falou de seu passado e de seu presente, e presente se fez. Presente de tempo; presente de substantivo palpável, como caixa com laço de fita, não tão palpável assim, não tão fácil de embrulhar.

Ele brincava com as letras. As dominava. Não com a brutalidade de um carrasco, mas como um carinhoso amigo que sabe conversar com elas. E seus diálogos se faziam espelho. E suas poesias se faziam lugar.

Anjo brincou com os elementos da natureza. E, de dentro do mar, em tarde em que a brisa fazia pequenas ondas, fez nuvem para nós. E, lá de cima, me mostrou como eu podia enxergar diferente o verde da Terra. Mostrou, sem querer, como eu podia ver com outros olhos a todas as coisas. Pensamento.

E todas as coisas impedem que ele voe para longe. Ao meu encontro, anjo em pessoa não pôde vir. Porém, se o anjo com asas ainda não pode me proteger com elas, sem elas ainda pode voar. E, se até eu, não-anjo, me vejo voando, prefiro rumar para as nuvens de nossos sonhos, a manter os pés constantemente no chão.

Anjo e pessoa têm tanto para sentir e contar. Tantas coisas fazem! Tantas coisas mudam... Mas, o fato é que, diariamente, eu, pessoa, dedico meu tempo para a um anjo orar. De algum ponto do universo me ouve. De meu ponto sinto seus sinais. Anjo que cuida de mim.
Bate vontade... Vontade de ganhar asas, voar ao seu encontro, senti-lo perto e o abraçar.

Anjo que conversa com o céu e interpreta as estrelas. Não sei em que astro ele está, mas isso não importa muito. Se estamos longe no espaço, estamos próximos na emoção...

Nessa hora, algo leve percorre minha nuca. Algo suave percorre a linha invisível entre meu pescoço e as minhas costas. Agora, sinto um ventinho leve ao longo de todo o meu dorso. Vejo-me arrepiado. É como se sentisse a brisa de um bater de asas junto a mim.
E meus olhos se fecham e, no acalanto dessa noite de chuva, adormeço para sonhar...



André Medeiros, 15/11/2009

sábado, 7 de novembro de 2009

Menino no mundo



Menino singelo, bordado de fios de sonho com linhas de doce coragem. Menino que sente e se cala, pois sente que é melhor agir assim. Menino que sente a si próprio e que compreende muitas de suas próprias razões. Menino que não se encaixa entre nenhum dos personagens a ele propostos. Menino que não é menos, nem mais, mas é único em suas peculiaridades, tornando-se especial. Menino que busca a si mesmo.

Menino de coração quente que acaba de se deitar no chão frio desta sala. Sente que está no lugar certo, ama tudo aquilo e respira a vibração do lugar. Reflete... Só sente que aquele não foi o seu momento. Menino que buscará aproveitar o que a ele for proposto, sem sentimentos ruins, sem mágoas no peito. Menino livre e aberto para novas oportunidades e possibilidades, mas que valoriza a obra como um todo e sabe que cada parte da obra também é obra.
Menino que se alegra por dar a oportunidade de o outro adquirir uma maior importância em uma primeira análise.

Menino que, eu sei que já sente: é importante pelo que é! E isso é bom; e ele é ótimo!
Seus olhos ainda brilham como antes. Seu caminho é iluminado por uma beleza que por ele é lá colocada. No fundo, ele percebe o paradoxo de tudo isso, mas se recorda de que o ser humano (aqui como substantivo) é complexo e cheio de contradições e que, se isso tem algum encanto, ele está disposto a esse encanto buscar.

Não, esse menino não sou eu, o narrador. Esse menino é VOCÊ: homem, com a sensibilidade de uma criança bondosa, melancólica e ao mesmo tempo feliz; jovem, com a maturidade e mansidão de alguém muito sábio, humilde e batalhador, que por longos e tempestuosos anos viveu tendo sempre lançado sementes boas e que ainda colhe muitos frutos bons, revelados na experiência e no aprendizado; menino, criança-jovem, querido homem de respeito, com uma sofisticada alma de poeta que, sem que possa dominar, é discretamente traduzida na profundidade de seu olhar, na afabilidade de sua fala, em sua expressão gentil, em sua visão de mundo, em seu riso sereno, e na luz por ele emanada.

Tu és o menino que se borda em fios de sonho, com a linha da determinação e da amabilidade, escolhendo as cores mais significativas e decidindo sonhar, com elas, um mundo todo seu, e que, não obstante, prefere torná-lo um mundo aberto, no qual sempre haverá espaço para o encontro com novos e velhos mundos.

Mas, tal espaço já existe. O mundo que escolhe para ti é muito mais do que o lugar aonde caminha: é o lugar onde já está. Lugar...

... Que você mesmo fez
...Que você mesmo faz.


Faz, delicadamente, um universo e refaz, delicado, a si mesmo. Teu planeta e o planeta em ti, não estão parados no tempo e no espaço: estão em constante movimento e em constante transformação; Trabalho de quem persiste.

E menino artesão traz esperanças para os que dele se cercam,
se torna repleto de mundo
e de vida se faz transbordar.



quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Assim é

É como uma flecha que você não lança muito confiante, mas lança com esmero, com cuidado.
Ela segue meio desgovernada, mas você se mantém na esperança de que acertará seu alvo, pois é isso o que você quer.
Ela não acerta.
Você perdeu. Era sua chance.
Terá que esperar.
Há de usar da espera quando descobre que seu desejo não se realizou
Os planos mudam ou ao menos se renovam
Tento me renovar e mudo...
Mudo permaneço

Está escurecendo

Crianças param de gritar
Mulheres deixam de conversar
Os sons diminuem
O sol vai se escondendo
Está escurecendo

O ambiente muda
E eu também

(Se) Fosse

Fosse o dia uma criança
Fosse a vida de alegria
Fosse canto de ninar
Eu seria melodia

Fosse doce o cansaço
Fosse breve meu penar
Fosse meu o teu regaço
Viveria para amar

Fosse nossa toda a sorte
Fosse o viver fantasia
Fosse a idéia mais forte
Eu seria poesia

Fosse a praia nosso tempo
Fosse o céu nosso olhar
Fosse você onda e vento
Eu seria o azul do mar

Fosse o sentir a canção
Fosse meu o teu cantar
Fosse fruto temporão
Fosse fonte a jorrar

Fosse para este momento
Na vida se eternizar
Bate coração sedento
Para ao teu lado estar

É hora de migração, é hora de mudança

Eu ia falar sobre aquele momento recentemente vivido. E não desistirei de falar.
Menino, sem esperanças, estava encostado em um canto qualquer. Ele olhava para o céu, pois o céu sempre significou um mundo de mistérios mágicos para o menino. Ele olhava, com a mente vazia, com um sentimento vão.
Baixou seus olhos para a superfície. Observou o mar. Ondas suaves que vinham de todos os lados daquela água salgada da qual ele não podia beber. Era o mesmo mar de dias atrás.
Olhou mais uma vez.
Alguma coisa brilhava mais. Alguma coisa, lá, estava refletindo os raios do sol.
Primeiro veio a esperança. Seria a garrafa! Tinha que ser!
Depois veio aquele outro pensamento. Estava a tempo considerável sem comer e sem beber. Já estava tendo alucinações...
Mas não. Seu pessimismo não o levou a perder as esperanças. Não dessa vez. Não nesse momento.
Era uma garrafa!
Sabia que era!
Garrafa endereçada a ele, sim!
Lá estava ele tentando alcançá-la na água.
Retirou-a do mar.
Abriu-a.

Ah, o que acontece agora não é mais parte dessa história.
Sim, era a resposta que esperava obter.
Sim, o menino passou a ser outro.
Ele mudou. Ele estava mudando.
Menino ganhou asas e se pôs a voar.
Voou! Rumo a outros mares...

Desenho de Imaginar

Entre vento e mar, minha imaginação voa. Nuvem de sonhos de menino curioso. Paira levemente na superfície do momento. Afunda refletindo menino de querer.

(...)

Mantenho-me no palco, como ator parado em movimento. Meu personagem é um desenhista cheio de tinta. Com os tons da esperança quero pintar o quadro que ilustra meu roteiro futuro e presente. Sem grandes idéias começo com um primeiro ponto de cor na tela... Ainda não sei como ela será daqui pra frente. Não sei que imagem para mim formará, nem quais serão as conseqüências de meus traços no transcorrer da peça. Só tenho a certeza de que sou sujeito a erros e não tenho corretivo ou borracha. Estou livre! Posso aprender com tentativas, erros e acertos. Posso utilizar um novo papel, em ambos os sentidos. Tenho novas oportunidades e chances de mudança. Estou parado frente ao quadro, pincel em mãos, mãos em movimento...

Permaneço assim, e desenho a mim mesmo caminhando descalço, em caminho ainda desconhecido e inexplorado. Mas o caminho parece ser tão gratificante que sigo por uma areia clara e leve, na praia do Mar azul e calmo, acompanhado do Vento sorrateiro com a Nuvem de meus pensamentos. Respiro suave. Relaxo... Sinto uma agradável presença ao meu lado como se fosse palpável. Na tranqüilidade dos passos, acompanhado de tudo e de todos que me seguem em pensamentos, vou deixando pegadas na areia. E elas seguem em direção à lua... Que nos ilumina por fora do teatro, na escuridão de nossos dias que noites são...

Viro a página. No pulsar do silêncio, vazio e repleto, na escuridão me vou a um encontro comigo mesmo. Sigo rumo ao próximo sonho, antecessor de uma realidade que se recusa a aceitar tantos de nossos planos. Sonhemos, então!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Uma manhã

Ele estava ao meu lado. Antes permanecia quieto, agora articulava mal algumas frases que iniciou do nada, como que para puxar assunto. Eu, por minha vez, não estava nada interessado em manter qualquer diálogo. Não naquele dia, não naquela hora.
Não obstante, tentei dar a ele um pouco de atenção, pois gostaria de recebê-lo em seu lugar.
Infelizmente, eu não compreendia tudo o que falava. Quando eu pedia que repetisse, era ele quem não ouvia.
Manteve-se falando sobre empresas, empregados, demissões, processos.
No fundo, ele falava mais consigo mesmo do que comigo. Era mais um desejo de conversar, ou quem sabe, de sentir que alguém estava o escutando, em exclusividade. Percebi que ele exteriorizava revoltas pessoais ou simplesmente apontava fatos, aproveitando de uma oportunidade de conversar com alguém que o ouvia.
Complementava suas palavras com frases feitas. Por respeito não o ignorei; por conveniência não falei demais. Não eram assuntos aos quais eu devesse concordar ou discordar. Eram notícias e eu apenas complementava suas orações com palavras quaisquer.
Com o passar do tempo, o assunto foi se dissipando.
Estávamos em silêncio quando alguém perto de nós falou sobre uma determinada morte. Um motoqueiro havia morrido em um acidente de trânsito. Era essa a notícia que ela espalhava a outras duas pessoas.
Não sei se ele ouvia o que estavam dizendo, mas eu ouvia.
Enquanto pensava se havia sido pouco atencioso com ele, se havia considerado o seu interesse em se expressar pouco relevante perto do meu interesse em me manter quieto e, principalmente, se, de alguma forma, julgava-me alheio ao que me dizia, ele voltou a falar.
Percebendo essa nova chance de ser útil para alguém, olhei pra ele e procurei transmitir toda atenção para este cidadão desconhecido, até mesmo porque, talvez fosse eu a única pessoa a fazê-lo.
Ah, mas já estava chegando a hora de me despedir.
Como seria o restante de nossos dias, eu não sabia.
Se o verei alguma outra vez, também não sei.


Dei tchau e segui meu caminho.
Ele me desejou felicidades e seguiu o seu.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Até amanhã

Até amanhã!
Já se faz tarde.
A noite escura
O sono invade

Na escuridão
Desse momento
Só vejo a luz
Em pensamento

Não é tão fácil
Mas me despeço
O teu boa noite
De novo peço

Até amanhã
Até a manhã

Um vazio

Eu estava tão contente...
Tinha minha amiga correndo ao meu encontro, falando meu nome e balançando os braços abertos para me receber com um abraço;
Tinha o menininho no ônibus sorrindo e brincando de olhares comigo;
Tinha a pressa de chegar pra poder encontrar comigo mesmo em outra pessoa.
Entretanto, isso tudo, da noite para o dia, se tornou passado...
Antes eu era um rapaz contente,
Hoje, não sei quem sou
Já não vejo minha amiga que alegrou o meu dia;
Já não tenho ânimo pra brincar com crianças que, porventura, encontro-
Elas também não querem brincar com um sujeito triste;
Já não anseio a minha chegada...
Não sou mais Júlio,
Já não estou cheio de juventude.
Perdi meu nome.
Perdi meu eu.
Tudo está estranho e um vazio toma conta de mim.


Prefiro afundar...

Uma interação

Tinha nas mãos uma folha e no olhar a inocência da infância. Não quis se sentar com sua mãe. Preferira o assento localizado no espaço reservado aos cadeirantes. De lá, podia me ver. E eu também, vê-lo podia.
Iniciamos uma troca de olhares engraçada.
Ele me olhava, eu retribuía.
Ele se escondia atrás de alguém que estava entre nós, eu o encontrava.
Sorríamos.
O caminho foi passando e nós fazendo brincadeiras sem sentido.
Quem estava ao meu lado não entendia o que estava acontecendo diante de sua visão dominada pela constância do mesmo, do sempre igual.
O menino mantinha a diversão. Eu apenas o olhava. Como pode alguém sentir-se bem com tão pouco pouco?
Certas coisas não consigo explicar.

Um encontro

Eu não a via desde março. Talvez fosse fevereiro, mas eu acho que era março. Permanecíamos com uma saudade recíproca, mas a rotina domina nossas vidas.
Aquele seria o dia de nosso encontro.
Ela não imaginava que eu estaria presente junto com os demais.
Mas, como quem gosta de fazer surpresas, eu apareci, sem aviso prévio.
Quando abri a porta, alguns me olharam.
Ela correu em minha direção, demonstrando um doce afeto que apreciei como cantiga de ninar.
Seus braços balançavam abertos e ela corria em minha direção com um sorriso radiante no rosto e falando o meu nome de um modo, ao mesmo tempo, animado, carinhoso e especial...
“Júliooooooo!!”
Como foi bom receber seu abraço!
Naquele momento eu senti as tais asas em mim.
Senti-me inacreditavelmente leve... Os pés, pela lógica estariam no chão, mas na minha percepção, flutuavam...
Eu precisava de um abraço assim, amável, há um bom tempo.
Admiro o poder da amizade, que mesmo não sendo presente, faz-se notar e, principalmente, sentir...


Ela foi a primeira pessoa a falar comigo. Disse-me palavras aparentemente comuns. Não sei... Naquele instante, não eram simplesmente palavras comuns. Eram palavras sinceras e carinhosas. Eram palavras únicas que muito me agradaram. Que me deixaram mais feliz...
“Ah, eu não acredito! Quanto tempo... Que saudade de você!”


Eu apreciei aquele momento de carinho correspondido e acariciei os seus ombros.
Sorri para ela esperando que percebesse o quanto era especial para mim, já que com palavras, tantas vezes, é difícil se expressar...
Ela sorriu de volta.
Acho que ela entendeu meu pensamento.


Sorri, mais uma vez.

domingo, 25 de outubro de 2009

Tentativas de quem espera




Ele estava numa ilha criada por ele mesmo. Ele olhava ao redor, mas tudo era mar. Ele queria dar o primeiro passo, mas não sabia como sair de lá. Sim, ele queria voltar atrás.
Ele encontrou a garrafa que carregava consigo. De seu papel, o menino escreveu a mensagem e a enviou com uma onda do oceano que apareceu simpática diante dele. Ele beijou a carta e a jogou no mar.
Não se sabe porque, mas as horas pareciam dias e a noite foi mais longa que a imensidão do vazio. Menino não sabe explicar, mas ele sente que sua carta foi lida. Que a mensagem foi entregue.
Espera mais um pouco. A paciência é dom sublime que nem todos desenvolvem. Mas, por sorte ele sabe esperar. Ele aprendeu que a espera é sua companheira. Que deve fazer dela a sua melhor amiga.
Ele olha em seu punho. Não pensa em suicídio, pensa nas horas que ele não sabe quais são.
É hora de acreditar. Isso lhe basta saber.
Esperançoso, inseguro e nervoso, ele mantém seu medo. Sua incoerência está sendo estudada. Mantém-se na espera de uma resposta que acredita que chegará.

Que ele seja retirado desse mundo de solidão.

Vai!

Vai! Destrói teu coração imenso
Destrói o coração de quem tu amas
Destrói o sentimento de quem te ama
Destrói o coração de quem te vê chorar


Vai! Paga o preço de tuas atitudes
De tua impulsividade
Quem mandou não seguir meus conselhos?
Não quiseste tu viver da realidade?
Quem mandou deixar de sonhar com a beleza que haveria de vir?
Quem mandou não aproveitar de teu presente?
O presente que recebeste com laço de fita
Com papel verde
De toda a verdura da natureza

Menino meu, menino em mim...
Entre tantas frutas a ti oferecidas
Preferistes escolher o limão para si
E não quiseste sequer esperar o açúcar
E acrescentar a água...

Vai! Sofre na ilha que criou para si
Olha o caminho que percorreu
Enxerga tuas próprias escolhas
A tarde vem chegando
Mas tarde pra ti já é
Já é tarde demais
Deguste tua solidão
Contemple o papelão que tu fizeste

Menino de papel
Não aproveitaste do amor
Talvez nem o tenha valorizado
Ou compreendido sua linguagem

Menino de papel,
Perdeste tuas asas
Pássaro que ama, deseja e não pode mais voar
E não sabe mais o que fazer
Deveria se conformar...

Menino de papel,
Quem ama deve aprender a amar...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Segue papel no mar


De seu próprio papel constrói sua arca
Arca com suas decisões
Não suporta ficar ancorado no porto
Morto por dentro, se sente
Mente a si mesmo e tenta tirar algo de si

Sim, a tempestade chegou
Vai com seu barco de papel levado pela enxurrada
Furiosa é a água que desaba sem parar

Perde-se nesta vida
enladeiradaVem o cansaço
Não há forças para subir
Não há estímulos para remar contra a corrente
A chuva aumenta
Seu papel encharcado está

Não sabe mais que papel desempenha
Sua paisagem também já não tem o verde da esperança
O cinza e o preto aqui também prevalecem
Porém, diferente de outros portos
A mudança de tonalidades se deu   a o s    p o u c o s
Dis-cre-ta-men-te...
E, se antes tal mudança era imperceptível
Agora é observada como nunca

Veleje menino no mar
Complicada é a mágoa
A água é mais fácil vencer

Reme com a força de um homem adulto
Vise à realidade
Busque teu chão
Vença a chuva e a enchente
Deixe de imaginar e sonhar bobagens

...

Mas a ilusão sonhadora se fez presente
Vazio se ampliou sob o céu
Displicente natureza não perdoa
A sensibilidade de um sonho de papel

Coração molhado
quebrouOs caquinhos ficaram ferindo seu peito
Mas coração quebrado tem sentimento
E pedaços de sentimento viram dor
Lógico seria não mais amar
O menino conseguirá?

Barquinho inundado derrete
Salta de si a tempo
Lágrimas negras se camuflam nesse dia nublado
Vai menino, só, nadando nessas águas turvas
Leva teu peito ferido consigo
Leva tua dor que de ti não sai

Vai! Ainda que indeciso, sem destino certo
Certo é o pensamente que consigo traz
Certa é a certeza de sua suposição
Repetiria sem cessar
O que passa em sua mente:

Amor também é um menino
Sorrateiro e insistente
Quem vem ao mundo para amar
Ama eternamente

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Poesia sem sentido

A ela dei um título antes de um corpo
Nele coloquei um desejo de criação
De uma poesia sem sentido

Uma poesia que me acalentasse ao lê-la
Que me satisfizesse ao escrevê-la
Que me distraísse
Que drenasse meu turbilhão de tristes sentimentos
Que desviasse o fluxo de meu rio de angústias

Uma poesia para os 20 anos
E quem sabe 30; 40 ou 160
E quem sabe 10; 5...
Uma poesia abrangente e singular

Poesia sem sentido
No entanto, poesia com significado
Para a alma...

A minha alma jovem de poeta

À minha jovem alma

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Perpasso

Perpasso o meu passo em pensamento
Compasso onipresente presente em meu dia
O natural em tentativas de me condicionar

Condição de uma história dilacerada em dor
Dias figuram linguagens de momento
Mantenho um diálogo monossilábico pessoal
Sou o meu melhor interlocutor em horas vazias
Em dias carentes de afeto, coloque-me em reflexão profunda.

Se a hora espalha dúvidas profusas
Mantenho-me na minha escrita prolixa
Essas linhas que já não me pertencem
Palavras copiosas que saem, quase involuntariamente de alguma parte de mim

E se a parte for partitura partida
Faço músicas com instrumentos invisíveis
A composição inexiste no instante do pranto
Lamento o tempo e um texto planto no ar

Suspiro e espero que o fluxo e o refluxo me inspirem
Vicissitudes que se alteram de forma imprevista
Em meio à espera e ao cansaço, meu fôlego anela
Meu ânimo não será aluído por mínimas razões
Circunstâncias não me farão perpetrar novas bobagens
Poderei esperar a hora certa
Que minha fortaleza aumente
Incito resistência de um âmago fantasista
Se a fase é árdua eu sou persistente

Arrisco e risco aventuras na tela da vida
Não há palavras escravizadas pelo nexo
Não há ordem, nem fluxo, nem lei
Não há mais razões do tipo racionais
Tampouco motivos inteligentes serão encontrados
Quero seguir o curso do que sinto
Somente isso
Percalços já não é tudo o que proponho
Imprimo nesse espaço um rascunho qualquer


Já não viso à alegria sem fim
Que meu contentamento se encontre na tristeza do agora
Melancolia infinda

Que por companhia implora
Suavemente me olha
E fitando-me agora
Diz que não vai mais embora

E permanece em mim...

sábado, 17 de outubro de 2009

Irremediável


Quando somos crianças
Queremos ser tudo
Tão belo é o mundo
Iremos crescer


Quando somos rebeldes
Queremos mudança
“Não sou mais criança
Eu quero viver


Já somos adultos
Sem destino certo
Neste planetinha
Que cobra de nós

E o vendaval pode
Indicar friamente
Qual rota que a gente
Precisa tomar

Na nave da vida
Somos astronautas
Dos mais competentes
Em se aventurar

Teu céu, tua escolha
A vida é tão nossa
O espaço é lindo
Podemos voar

Se com a razão pensam
Tranqüilos, sonhamos
E onde estejamos
Iremos sonhar

Se a nave prossegue
Não queira detê-la
E verá sua estrela
A brilhar sempre mais

Sempre brincaremos
Voando com calma
Criança da alma
Não cresce JAMAIS
.
(Inspirado em um papo legal)
Carline de Brinquedo, vamos brincar?!
(:

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Disseram-me que a estação mudou

.







Ainda digo que acredito na segunda teoria...

(Imagem: Caos de inverno; alterações: Elefantes)

Há uns 8 anos atrás eu dizia


Alguém perguntou:
-Qual a estação mais formosa e bela?

E eu respondi:
-Com toda certeza é a PRIMAVERA!

Com as suas flores
Com as suas
cores
Com as borboletas
E os
beija-flores

(Imagem: Caos de Inverno)
...


Tenho decorada essa minha poesia de início de adolescência que fiz na escola...

terça-feira, 22 de setembro de 2009




E tudo o que quer é estar ao seu lado
Mesmo que distante
Mas, é tarde da noite

E a madrugada insiste em chegar

Sinfonia de silencio
Esperança no coração
...

.


“Somos feitos de silêncio e som,Tem certas coisas que eu não sei dizer...”
Lulu / Nelson Motta

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Do viver, navegar


Me seguiu com seu barco no mar
Me ouviu, quando dei um sinal
Me olhou como quem me conhece
Despertou versos para rimar

E parou, com seu barco a dançar
Ancorou em um cais, afinal
E deixou no horizonte uma prece

E partiu, para longe rumar
...
(imagem: Dona Pureza)