domingo, 27 de janeiro de 2013

Epicédio



A fumaça nunca baixará, o fogo nunca cessará, as cinzas nunca sumirão, o incêndio nunca será apagado... de tantas mentes... Tanta destruição...

Desse dia em diante, meu coração também morreu um pouco.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Certas partes de mim


Meu coração é um quarto vazio. 
Isso às vezes me incomoda e penso ser interessante decorá-lo. Não é que eu queira preenchê-lo com qualquer coisa, mas quero ocupá-lo com as coisas certas, quando as encontro, com pessoas certas, quando elas cruzam o meu caminho.

Minha voz é uma porta pro meu coração. 
Esse canal nem sempre funciona da maneira certa. Eu não sei se o que eu digo é exatamente o que eu queria dizer. Eu não sei descrever meu coração da maneira certa.

Minha mente é um pacote de mundo. 
Não consigo entender como cabe tanta coisa dentro dela. As recordações prazerosas enchem minha alma de saudade.

E minha alma... Ah, minha alma é reticente! 
Eu ouvi uma menção ao recurso gráfico ontem à noite e não se referia a mim, porém me fez pensar... Também eu sou assim, inserido em um trajeto de suspense, interrupção e incompletude. Já não sei o que será. Sequer sei se alguma vez o soube. Quando sinto algo, ainda tenho algo a sentir. Quando digo algo, ainda tenho algo a dizer. Quando penso algo, ainda tenho algo a pensar. Quando faço algo ainda tenho algo a fazer. Por vezes deveria sentir, pensar, dizer e agir de modos diferentes, sejam reais ou camuflados.
Entre acertos e erros, minha alma tem o peso e a leveza de ser o que é. 

Assim sou...

Um certo ser




Sou... Sou uma realidade. Sou uma representação... Sou um quarto, vezes se completando, vezes vendo tudo sair pela porta ou janela. Sou um campo aberto ou fechado, vazio ou cheio, poluído ou plácido, nunca estável, sempre em transformação.  Sou um pedaço do mundo e tenho outro mundo inteiro aqui dentro. Sou três pontinhos que almejam se integrar... Posso também não ser nada disso, esporadicamente... frequentemente... Posso não ser, posso simplesmente estar

Também estando, carrego meus próprios pesos...


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Noir désir


O melhor remédio
Para o tédio
É o sono

O melhor sabor
Do remédio
Traz o sonho

O melhor lugar
Que não trouxe
Abandono

Veio ao repousar
E findar um dia
Tão tristonho

domingo, 20 de janeiro de 2013

Se eu partir sem nada levar

(...)

Se eu partir sem nada levar
Deixo um pouco de mim no mundo
Um pouco do mundo que há em mim

Se eu partir sem nada levar
Se eu partir sem nada levar...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Gotas

Chuva
Gotas doces
Do céu
Que me incitam
Que me molham
Que se mesclam
Às que vem de mim
E as disfarça

Lágrimas
Gotas salgadas
De mim
À percepção
De sua causa
A incerteza
Do que permanece
Aonde ir
Por que estar

Discorro a mim as mágoas
Águas
Tão sujeitas 
Descem
As sinto
Ambas as espécies
Em meu paladar

À natureza viva
Ergo meu olhar
Nuvens também se entristecem
Sinto
Sinto tal vida em mim

E é por este soluço 
Pulsante do céu
Que choro

Chove
Ficou seu cheiro
em meu travesseiro
Foi delicioso
                    dormir