sábado, 7 de novembro de 2009

Menino no mundo



Menino singelo, bordado de fios de sonho com linhas de doce coragem. Menino que sente e se cala, pois sente que é melhor agir assim. Menino que sente a si próprio e que compreende muitas de suas próprias razões. Menino que não se encaixa entre nenhum dos personagens a ele propostos. Menino que não é menos, nem mais, mas é único em suas peculiaridades, tornando-se especial. Menino que busca a si mesmo.

Menino de coração quente que acaba de se deitar no chão frio desta sala. Sente que está no lugar certo, ama tudo aquilo e respira a vibração do lugar. Reflete... Só sente que aquele não foi o seu momento. Menino que buscará aproveitar o que a ele for proposto, sem sentimentos ruins, sem mágoas no peito. Menino livre e aberto para novas oportunidades e possibilidades, mas que valoriza a obra como um todo e sabe que cada parte da obra também é obra.
Menino que se alegra por dar a oportunidade de o outro adquirir uma maior importância em uma primeira análise.

Menino que, eu sei que já sente: é importante pelo que é! E isso é bom; e ele é ótimo!
Seus olhos ainda brilham como antes. Seu caminho é iluminado por uma beleza que por ele é lá colocada. No fundo, ele percebe o paradoxo de tudo isso, mas se recorda de que o ser humano (aqui como substantivo) é complexo e cheio de contradições e que, se isso tem algum encanto, ele está disposto a esse encanto buscar.

Não, esse menino não sou eu, o narrador. Esse menino é VOCÊ: homem, com a sensibilidade de uma criança bondosa, melancólica e ao mesmo tempo feliz; jovem, com a maturidade e mansidão de alguém muito sábio, humilde e batalhador, que por longos e tempestuosos anos viveu tendo sempre lançado sementes boas e que ainda colhe muitos frutos bons, revelados na experiência e no aprendizado; menino, criança-jovem, querido homem de respeito, com uma sofisticada alma de poeta que, sem que possa dominar, é discretamente traduzida na profundidade de seu olhar, na afabilidade de sua fala, em sua expressão gentil, em sua visão de mundo, em seu riso sereno, e na luz por ele emanada.

Tu és o menino que se borda em fios de sonho, com a linha da determinação e da amabilidade, escolhendo as cores mais significativas e decidindo sonhar, com elas, um mundo todo seu, e que, não obstante, prefere torná-lo um mundo aberto, no qual sempre haverá espaço para o encontro com novos e velhos mundos.

Mas, tal espaço já existe. O mundo que escolhe para ti é muito mais do que o lugar aonde caminha: é o lugar onde já está. Lugar...

... Que você mesmo fez
...Que você mesmo faz.


Faz, delicadamente, um universo e refaz, delicado, a si mesmo. Teu planeta e o planeta em ti, não estão parados no tempo e no espaço: estão em constante movimento e em constante transformação; Trabalho de quem persiste.

E menino artesão traz esperanças para os que dele se cercam,
se torna repleto de mundo
e de vida se faz transbordar.



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