sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ciana Luz




Ahh! Menina querida que nos permite livremente pensar o sonho
Incentivo para o sonho viver
Menina de pluma que divide com todos sua leveza de alma e sua simplicidade de olhar
Que por trás de livros da estante velha da biblioteca mostrou seu sorriso de flor e suas palavras de ouro
Gentil pessoa que ensina o significado do que chamamos partilha
Material, ideológica...
Lógica e natural sublimação

Amor pela vida e pelo seu conteúdo
Quem ainda admira o nascer e o pôr do sol?
E sabe apreciar com tanto sentimento o toque de uma flauta...
As batidas na corda de um violão?

Menina de cores vivas, como sua própria existência
Mistura das luzes azul e verde
Acrescida de um toque de vida de mulher
E de tantas qualidades e belezas
Mulher-menina de pensamento próprio
De coração especial

.

Pessoa-luz de plenitude ao falar
Luz de cor, veio ao mundo iluminar
Luz ciana, podemos a ti cantar
Ciana luz, quisera eu multiplicar
Luciana, cantiga sob o luar
Lulu querida que apareceu pra ficar

Imaginar leitores... Imaginar, leitores!


Leitores imaginários
Esses que me fazem sentir que sou lido
Sem me deixar em estado de timidez
Leitores que também lêem
Que ajudam a escrever o que é ou poderia ter sido
Que também escrevem, talvez

A verdade é que imaginam
E eu vos imagino imaginando o pensar
Uma contradição de idéias se forma
É paradoxal escrever ao que se pode criar?

Podemos criar?
Quanto egoísmo crer que a mim vocês pertencem
Que a vocês eu domino

Justo vocês, borboletas que ninguém pode prender
Nem saber como sentem o que perdem, o que vencem
Que voam o mundo e o além do que posso prever

Tal leitor, antigo e recém
Discreto explorador de mundos por um mundo de gente sonhados
Sedentos pelo voo do espaço das palavras

Há deles em todo canto
Há um inclusive em mim, doido para bater asas

Há um em mim, mas há outros onde sequer ouvi falar

O mundo e o seu além são feitos de leitores imaginários
Suaves e eufóricos
Cheios de universos a desvendar
E de arte para ver

Repletos de vida, só isso

Sim, leitores e até escritores imaginários existem
E isso é simples saber
Basta imaginar
IMAGINEMOS!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sobre palavras de Karla Christine

Um idiota morto??
Este texto foi criado a partir de um e-mail recebido, cuja suposta autora seria uma mãe, e também profissional em psicologia clínica, chamada Karla Christine. Seu foco de acusação...
O conteúdo desse e-mail se encontra disponível aqui: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20091103074907AAzBPIH
Caso se sinta impulsionado a isso, mande seu ponto de vista.
Sempre útil conhecer opiniões diversas, sejam elas parecidas ou contrárias à nossa.

.




Falarei a respeito do e-mail "Cazuza, um idiota morto", como um complemento à já exposta opinião de meu colega Davi.
Creio que a autora do texto pode até ter alguma mensagem positiva para transmitir, entretanto, na minha convicção, foi muito infeliz em suas colocações.
Estou escrevendo isso, por ter achado grave a opinião dela, em diversos aspectos. Algumas coisas poderiam ser ignoradas, mas outras são bem sérias pelo conteúdo depreciativo, com potencial ofensivo não apenas ao Cazuza, que sequer pode se defender, mas a diversas outras pessoas, incluindo muitos pais. Isso atinge direta ou indiretamente a cada um de nós.
Não venho aqui defender as atitudes do Cazuza (também não venho condená-las, nem procurar motivos que as justifiquem), mas é inegável que a senhora Karla Christine apelou, sendo insensível e, até mesmo injusta, pois a vida particular daquela família não diz respeito a ela! Tampouco podemos nos achar capazes de julgar pais cujos filhos não se encaixaram nos padrões estabelecidos pela sociedade. Como, por exemplo, poderíamos condenar tantas mães e pais desesperados, que, portadores de semelhante ponto de vista, 
ou se deixando influenciar por tais opiniões, martirizam-se perguntando a si mesmos onde erraram na educação de seus filhos? Pior ainda: como podemos criticá-los tão friamente, com uma visão tão superficial e fragmentada de suas vidas. Algumas vezes os pais poderiam ter agido de forma melhor, em outras não, mas isso não vem ao caso.
A profissional mostrou sua opinião, também podemos mostrar a nossa.
Sei que não carrego diploma de um curso superior que pudesse trazer maior relevância a este conteúdo, mas isso não me impedirá.
Quero dizer que, cada vez mais, esperamos das pessoas menos moralismo e mais tolerância.
A censura do filme é 16 anos. Não sei se a filha adolescente da tal psicóloga tem essa idade ou não. Entretanto, o fato de haver censura, não é condição essencial para que todos aqueles com a idade mínima recomendada gostem; tampouco indica que todas essas pessoas deverão, obrigatoriamente, assistir ao filme, ou terminar uma sessão iniciada. Quem considera o enredo impróprio/ofensivo, ou se sente pouco à vontade diante do desenrolar das cenas, não é obrigado a vê-las. Se, não consideramos o protagonista da história como um modelo para nossos filhos e, mesmo assim, tenhamos optado por conferir a produção, conversemos com eles antes ou depois, com o cuidado de não torná-los preconceituosos ou de transmitir tal preconceito.
Outra questão abordada no texto da psicóloga foi o seu desejo de que só existam filmes referentes às pessoas que ela consideraria merecedora de admiração/idolatria, sendo as outras obras uma espécie de atentado ao pudor, pelo que podemos perceber. Considero sua opinião infundada, pois, com a atual política existente no Brasil, os cineastas (assim como diretores de teatro, produtores, escritores, poetas, pintores etc), normalmente, podem abordar o tema que queiram, não sendo culpa deles se consideramos o conteúdo impróprio. Ou deixaremos de produzir filmes que retratem a guerra, pois isso pode ser uma influência negativa para as crianças??
Cazuza pode não ser merecedor de um filme, de acordo com o pensamento de Karla Christine, que não compreende ou não aceita que ele o foi para tantas pessoas envolvidas no processo de criação, inclusive sua mãe.
Além disso, báh!, as pessoas possuem características diferentes, temperamentos diferentes, gostos diferentes. Por isso, os filmes também possuem conteúdos diferentes. Não é lógico?? O que seria, por exemplo, dos fãs de filmes de terror se só existisse os westerns nas locadoras?
A vida de Cazuza é, no mínimo, interessante para muita gente; caso contrário não teria sido inspiração para um longa-metragem.
O mesmo exemplo do que podemos chamar tolerância cultural, se estende para o nosso dia-a-dia, na tolerância/compreensão/respeito para com o outro.
Seria justo/bonito/aceitável/ético fecharmos um círculo de pessoas que consideramos “ideais” e imaginar que só elas nos interessam e que as atitudes do restante do mundo não nos dizem respeito?? Evoluiremos tapando nossa visão para o que ocorre ao nosso redor e tentando enxergar somente o que nos agrada?? E a tão falada diversidade mundial como fica?
O que é mais produtivo: buscar/exigir meios de evitar/diminuir o tráfico de drogas ou, simplesmente, falar mal de um cidadão X que teria praticado tráfico??? Creio que a segunda opção gere muito mais desgaste, tristeza e pessimismo na população nacional do que mobilização e resultados que, por si só, gerem progresso.
As pessoas representadas pelos atores, o Cazuza em específico, e as pessoas de um modo geral, possuem sua unicidade.
Se uma pessoa fosse como gostaríamos que ela fosse, ela não seria um ser humano, mas uma representação injusta de nossa vaidade.
Acredito que todos mereçamos um mínimo de respeito.
Também seria interessante que descêssemos um pouco do pedestal. Todos, temos alguma coisa a aprender com a história do outro, ora bolas!
Portadores do HIV, de “vida promíscua” ou não; LGBTs, de “vida promíscua” ou não; heterossexuais, de “vida promíscua” ou não; drogaditos, que queiram deixar o vício ou não; alcoolistas, que queiram se recuperar dessa doença ou não; ricos (“filhinhos de papai") ou não; filho de dono de gravadora ou não; artista exemplo de conduta, ou não; "santos e pecadores", de acordo com a percepção de cada um, assim rotulados ou não: TODOS nós somos parte de uma mesma espécie, possuidora de integrantes que são, ao mesmo tempo, iguais e diferentes entre si.
O próprio artista em questão, juntamente com Frejat, deixou seu recado também em seu conhecido "Blues da Piedade"...
Acreditem: o respeito é mais importante que a discriminação; as atitudes são mais importantes que as palavras.
Subestimar não é o melhor caminho.
Se eu quero ser um homem ou mulher exemplo e quero que meus filhos também o sejam, talvez esteja na hora de começar a avaliar o conteúdo de minhas palavras e ações, pois somos influências para eles. Não a única referência, mas uma referência especial.
Não chegaremos muito longe enquanto não deixarmos de procurar em terceiros, ou em nós mesmos, motivos para sermos melhores ou piores e passarmos a nos enxergar como realmente somos: habitantes da Terra, em igual condição de significância perante a natureza.
Não achei que isso fosse ficar tão grande, mas acho difícil reduzir agora.
Pensem como quiser, mas, por favor, não julguem pessoas.
Cada um possui sua própria "missão", seus interesses pessoais, seus objetivos.
Cada um possui suas próprias dificuldades, sua história de vida, sua percepção de vida, seus desejos de recomeçar, para ter um comportamento diferente, ou igual.
À família do Cazuza basta as dificuldades que encontraram e encontram. Para quê cutucar o que já é uma ferida se não temos certeza de muita coisa e não podemos mudar o que já ocorreu??
Como bem disse Caetano, "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
Se almejamos uma mudança positiva para o presente e para o futuro, não é na degradação de nossos semelhantes que ela será alcançada.
Sei que ela não é a única a fazer crítica desse gênero, mas ela fez, e ela (crítica) chegou até mim.
Cara Karla, não gostamos do artista e de sua arte pelo que podemos encontrar de negativo neles, mas sim por algo muito maior. Se sua filha gostar da arte do Cazuza, isso não será determinante para que ela seja uma réplica do mesmo.
Muitas vezes, acostumados com nossas próprias características, não conseguindo aceitar pessoas diferentes. Com isso, criamos um padrão de conduta, para nós mesmos, para o próximo e, principalmente, para as pessoas de vida pública, que muitos querem que sejam exemplos para os demais, se esquecendo que, assim como as demais, elas estão sujeitas a não agradarem a todos.
Exercitemos nossa reflexão, respeito, gentileza, tolerância.
É só uma opinião.
André, estudante.
Texto: André Medeiros

Resposta


O livro? Ah, o livro...
De qualquer forma, ele não me mostrou que pode ser tão gostoso
...voar

P
A
R
A


B
A
I
X
O


Cair? Hmmm... Cair
Tal qual água da cascata que desce corajosa
Sem hora pra chegar,
Sem porto de chegada...
Tal qual paraquedista saindo do avião:
Salto de sublime aventura
Prazer de cair,

sem pressa de chegar...
Cair juntinhos. Por que não?
Por ti, cortaria minhas asas agora
Ponho-me pronto para a queda
Caiamos pela vida!
Caiamos, assim... imperativo
Podemos já?!!
O precipício infinito de nós dois espera...

Texto: André Medeiros

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A terra que não me pediu




Sim, se tu falaste do céu que pedi
Falar-te-ei da terra que não me pediste




DA TERRA ONDE ESTOU
Vejo gente, vejo plantas e animais
Vejo o perto, sinto o longe, sonho o céu
E do horizonte distante
Vejo novas direções
Outras regiões
E lembro, desta terra, que na Terra estou
Que ela se faz país
Que se corta em fronteiras
Que me aprisionam
Me deixando em terra, sem ver meu você

.



DA TERRA ONDE ESTÁ
Ouve a cantiga das aves que o silêncio desperta
Vê praia, vê gente, vê mar
Vê-se pensando
E desperta em silêncio
E ouve o marulho nos convidando
Para a felicidade nova
Que de novo silencia
Que de novo faz cantar

.

DA TERRA, QUE É UNA
Vê-se janelas para o universo
Onde se vê o céu que eu pedi e que é muito seu
Com astros em luz de um passado parecido e desigual
Para eles, para nós
E no espaço em vastidão nos mostram
Que mundos são muitos, mas Terra é uma só
E que toda distancia é pequena
E na escuridão, no mistério e vastidão
(Do tempo, no qual cabe anos e décadas
Da distância, na qual há gigametros e terametros
Da nave, na qual vão elefantes e pássaros)
Muita coisa pode ser vista

.



E SE A TERRA PRECISA DE ALGO
Que seja a libertação dos limites
Que seja a criação de uma terra toda nossa
Onde distâncias inexistem
E quilômetros não separem sorrisos
E regiões não impossibilitem abraços

.

DA TERRA ONDE ESTAMOS
Que ainda mal foi feita
Mas já nos permite estar...
Tem areia clarinha e luz da lua
Refletindo em teus olhos de calma

Tem oceano e canções que a gente gosta
Com letras moduladas na profundidade dos escritos seus
Tem nosso vazio a se preencher
Tem um eu e um você
Ensinando-me a ser mais
Ajudando-me a ser melhor
Sendo...

Tem companhia andando ao meu lado
Mostrando-me as belezas do mundo
Mostrando-me às belezas
E à vastidão

.

DESTA TERRA QUE DESCOBRI
Vi com os olhos da alma
Sensação irracional e difícil de descrever
Que trás um sentir e impulsiona a ação
Ela espera, compartilha, sonha, deseja, conhece, desconhece, luta
Nos modula, nos alegra, nos respeita, nos refaz
E me faz descobrir alguém que quero muito bem
Bem demais
Que sempre quero, bem junto a mim
Compartilhando um trajeto que foi, que é, que será
O trajeto de histórias que se encontram
Formando história nova
Que tal como nosso globo
Se encontra em contínuo movimento
E também, tal esse globo, que de Terra é chamado
Da terra que descobri, descubro que o bonito sentimento
Nome belo também tem

Vendo os astros percebo
Que assim como a deles, a história desse sentimento no tempo e no espaço também se passa
E passa pra ficar
Em passos pelos trajetos que segue
Sentindo o mundo que vê

Sentimento, sorrateiro, contempla conosco a terra, o céu e o mar
Caminha conosco descobrindo poesias



Pois seu nome é Amizade
E limites não possui...

domingo, 15 de novembro de 2009

De quem tem asas



Ele era doce e gentil. E por sua gentileza e doçura, fez da minha vida amarga, uma bebida com melhor sabor. E, saborosamente, soube exercer o fascínio das melhores qualidades que um amigo pode ter. E de modo natural, se fez gente.


Ele abriu suas asas de anjo que ainda era, que nunca deixaria de ser, e pousou suave em um terreno diferente, e com sotaque envolvente, em sua língua, que eu não sabia como era, se colocou a falar. E utilizando das palavras, ele descobriu o som, e dele a música e por meio dela chegou a mim. Com palavras ele voltou a lidar.

Ele me achou perdido em um lugar qualquer e sequer sabia que eu ali estava. Já o esperava, mas não sabia. Nem ele. Ele se mantinha reservado, mas acabou por falar. Sua voz percorreu os limites da distância e, mergulhando nos corredores da memória, se aprofundou no tempo. Fez-se atemporal em temporal de emoção. Em pouco tempo na terra, o anjo já mudava vidas.
Anjo notou que já não era só uma vida que mudava. Ele me disse que mudava sua própria vida. Ele falou de seu passado e de seu presente, e presente se fez. Presente de tempo; presente de substantivo palpável, como caixa com laço de fita, não tão palpável assim, não tão fácil de embrulhar.

Ele brincava com as letras. As dominava. Não com a brutalidade de um carrasco, mas como um carinhoso amigo que sabe conversar com elas. E seus diálogos se faziam espelho. E suas poesias se faziam lugar.

Anjo brincou com os elementos da natureza. E, de dentro do mar, em tarde em que a brisa fazia pequenas ondas, fez nuvem para nós. E, lá de cima, me mostrou como eu podia enxergar diferente o verde da Terra. Mostrou, sem querer, como eu podia ver com outros olhos a todas as coisas. Pensamento.

E todas as coisas impedem que ele voe para longe. Ao meu encontro, anjo em pessoa não pôde vir. Porém, se o anjo com asas ainda não pode me proteger com elas, sem elas ainda pode voar. E, se até eu, não-anjo, me vejo voando, prefiro rumar para as nuvens de nossos sonhos, a manter os pés constantemente no chão.

Anjo e pessoa têm tanto para sentir e contar. Tantas coisas fazem! Tantas coisas mudam... Mas, o fato é que, diariamente, eu, pessoa, dedico meu tempo para a um anjo orar. De algum ponto do universo me ouve. De meu ponto sinto seus sinais. Anjo que cuida de mim.
Bate vontade... Vontade de ganhar asas, voar ao seu encontro, senti-lo perto e o abraçar.

Anjo que conversa com o céu e interpreta as estrelas. Não sei em que astro ele está, mas isso não importa muito. Se estamos longe no espaço, estamos próximos na emoção...

Nessa hora, algo leve percorre minha nuca. Algo suave percorre a linha invisível entre meu pescoço e as minhas costas. Agora, sinto um ventinho leve ao longo de todo o meu dorso. Vejo-me arrepiado. É como se sentisse a brisa de um bater de asas junto a mim.
E meus olhos se fecham e, no acalanto dessa noite de chuva, adormeço para sonhar...



André Medeiros, 15/11/2009

sábado, 7 de novembro de 2009

Menino no mundo



Menino singelo, bordado de fios de sonho com linhas de doce coragem. Menino que sente e se cala, pois sente que é melhor agir assim. Menino que sente a si próprio e que compreende muitas de suas próprias razões. Menino que não se encaixa entre nenhum dos personagens a ele propostos. Menino que não é menos, nem mais, mas é único em suas peculiaridades, tornando-se especial. Menino que busca a si mesmo.

Menino de coração quente que acaba de se deitar no chão frio desta sala. Sente que está no lugar certo, ama tudo aquilo e respira a vibração do lugar. Reflete... Só sente que aquele não foi o seu momento. Menino que buscará aproveitar o que a ele for proposto, sem sentimentos ruins, sem mágoas no peito. Menino livre e aberto para novas oportunidades e possibilidades, mas que valoriza a obra como um todo e sabe que cada parte da obra também é obra.
Menino que se alegra por dar a oportunidade de o outro adquirir uma maior importância em uma primeira análise.

Menino que, eu sei que já sente: é importante pelo que é! E isso é bom; e ele é ótimo!
Seus olhos ainda brilham como antes. Seu caminho é iluminado por uma beleza que por ele é lá colocada. No fundo, ele percebe o paradoxo de tudo isso, mas se recorda de que o ser humano (aqui como substantivo) é complexo e cheio de contradições e que, se isso tem algum encanto, ele está disposto a esse encanto buscar.

Não, esse menino não sou eu, o narrador. Esse menino é VOCÊ: homem, com a sensibilidade de uma criança bondosa, melancólica e ao mesmo tempo feliz; jovem, com a maturidade e mansidão de alguém muito sábio, humilde e batalhador, que por longos e tempestuosos anos viveu tendo sempre lançado sementes boas e que ainda colhe muitos frutos bons, revelados na experiência e no aprendizado; menino, criança-jovem, querido homem de respeito, com uma sofisticada alma de poeta que, sem que possa dominar, é discretamente traduzida na profundidade de seu olhar, na afabilidade de sua fala, em sua expressão gentil, em sua visão de mundo, em seu riso sereno, e na luz por ele emanada.

Tu és o menino que se borda em fios de sonho, com a linha da determinação e da amabilidade, escolhendo as cores mais significativas e decidindo sonhar, com elas, um mundo todo seu, e que, não obstante, prefere torná-lo um mundo aberto, no qual sempre haverá espaço para o encontro com novos e velhos mundos.

Mas, tal espaço já existe. O mundo que escolhe para ti é muito mais do que o lugar aonde caminha: é o lugar onde já está. Lugar...

... Que você mesmo fez
...Que você mesmo faz.


Faz, delicadamente, um universo e refaz, delicado, a si mesmo. Teu planeta e o planeta em ti, não estão parados no tempo e no espaço: estão em constante movimento e em constante transformação; Trabalho de quem persiste.

E menino artesão traz esperanças para os que dele se cercam,
se torna repleto de mundo
e de vida se faz transbordar.